domingo, 24 de outubro de 2010

O Analfabeto Político

"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."

Bertolt Brecht,  O Analfabeto Político.


Analfabeto Político, nome mais perfeito não há para resumir o tipo de eleitor que o sistema sempre sonhou e conquistou. 
A política está morta, os partidos estão mortos, as ideologias morreram. Já se foi o tempo em que o cidadão tinha orgulho do seu voto, que sabia que com o seu voto estava fortalecendo muito mais que um candidato ou um partido, mas sim uma ideologia, onde a possibilidade de que cada sonho se tornasse real era apenas uma questão de opinião.
Quem nunca ouviu hoje em dia uma pessoa falar que iria votar no menos pior, ou que são todos iguais então tanto faz, e o pior, não tem mais jeito. Esse pensamento de acomodação não nasceu apenas com os acontecimentos de corrupção e a desilusão com o sistema político, esse pensamento foi imposto. Qual a melhor forma de controlar as pessoas do que a alienação política?
Já que todos são iguais, vamos continuar elegendo as mesmas pessoas, e continuar na merda; e depois de eleitos, pra que cobrar? Eles estão no poder, quem somos nós para discordar dos nossos líderes. 
E você vai vivendo de cabeça baixa e continua levando porrada. Achar política chato - ser um analfabeto político - não foi uma escolha sua e da maioria; quantos de nós foram estimulados a gostar de política na escola? Quantos tiveram aula de sociologia e filosofia e conheceram o qual belo ela é? Quantos tiveram acesso a livros, a oportunidade de conhecer Marx, Lênin, saber quem foi Guevara?
Gostar ou não de política não é sua escolha, lhes obrigaram a ser burro, a não ouvir, não falar, nem participar dos acontecimentos políticos, a ser burro a tal ponto de que com orgulho, estufar o peito dizendo que odeia a política. 
Agora o cabresto é outro.
Sonhar já foi possível, ninguém pode negar que o combustível maior para aquela juventude que lutou contra a Ditadura Militar era o sonho por justiça e acima de tudo liberdade. O problema para as pessoas que penssam hoje - em terra de cego quem tem olho é rei - é retirar o cabresto dos outros e mostrar que diferente do que vêm, liberdade é uma coisa que não existe atualmente, a pior prisão é aquela que não podemos ver e assim, não podemos tentar nos libertar.


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Desabafo: Futuro do país?!




Futuro do país?!
Por que acreditar que tudo vai melhorar? Que o mundo vai ser perfeito? Que a felicidade e paz irão prevalecer? Isso é coisa de jovem. Não é?
- Não!!
Onde está a juventude? Aquela que derrubou Color, que botou fim na Ditadura Militar. Onde estão aqueles jovens fodas que criticam, que lutam pela igualdade e pela justiça?
- Eu digo onde está. Está na escola, implorando por aula vaga, pra correr pra casa e assisti a entrevista de JustEn ou de Gaga ou saber as novas tendências da moda. Estão nas ruas com as caras pintadas e com narizes de palhaços, a diferença é que estes “novos” caras-pintadas, fazem jus às fantasias que vestem!
É triste saber que vivo em meio de uma juventude perdida, que acha que ser foda é botar um Adidas, comprado com dinheiro do papai, que foda é saber de co as musicas de Gaga e companhia, que ler é coisa de nerd, que política é chato e que “pô meirmão estudar é coisa de idiota, é muito mais fácil pescar!”.
O futuro desta nação está nas mãos desta juventude burra e hipócrita, que não sabe votar, que acha que é livre pra expressar o que quer, de certa forma é verdade, mas eles pensam e escolhem aquilo que é apresentado pela TV , mas, sei que a culpa não é deles, eles estão apenas tentando ser “normal”, são vítimas de uma série de governos alienadores, que transformou a juventude foda e crítica em um bando de robôs.
Pra encerrar, respondendo as perguntas feitas no primeiro parágrafo, eu te digo que por mais que pareça uma situação irreversível, ainda existe vestígios de caras-pintadas, e são estes a última esperança da nação. Por isso eu sempre reclamarei dos professores descompromissados, das aulas vagasde tudo que compõe esta sociedade desigual e alienada, mesmo que mais vezes eu corra o risco de ser linchado pelo resto da turma. Farei isto pra quem sabe meus netos vivam em meio a uma juventude foda, da qual eu sempre quis fazer parte.

"O tempo é roído por vermes cotidianos. As vestes poeirentas de nossos dias, cabe a ti, juventude, sacudi-las."
Mayakovsky

Escrito por Thássio Santana. @thassiols
Editado por Yago Oliveira.

domingo, 17 de outubro de 2010

Caio Fernando Abreu

"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo." 


  


Caio F. - forma de se auto-intitular numa referência ao romance Cristina F. - nasceu em 12 de setembro, em Santiago. Jornalista, dramaturgo, escritor e jardineiro, escreveu sobre amor, sexo, solidão, angústia e morte. Cursou Letras e Artes Cênicas, mas depois abandonou os cursos para se dedicar ao jornalismo. No início de 1970 - período da ditadura militar no Brasil - se exilou por um ano na Europa. Volta para Porto Alegre em 1974. A convite da Casa dos Escritores Estrageiros, regressa à França em 1994, voltando ao Brasil no mesmo ano quando descobre ser portador do vírus HIV. Morre dois anos depois.
Mas, não quero aqui contar a vida de Caio, mas sim a dimensão, a profundidade do que escreveu. Comecei a ler Caio F. Abreu esse ano, não o conhecia tão bem, mas depois de saber que 'Ana o deixou', me apaixonei por sua forma de escrever.* 
Inventário do Irremediável é sua primeira obra de contos, publicado em 1970, onde já mostra os temas que marcariam sua obra: o gosto por ambientes urbanos, a angústia e solidão. Influenciado por Clarisse, sua obra evidencia a solidão dos que vivem perdidos nos arranha-céus.
Ignorado pelos críticos da literatura brasileira, muito por ele não se encaixar nos moldes literários da Academia; como ele próprio dizia, era influenciado bem mais por Cazuza e Rita Lee do que por Graciliano Ramos. Homossexual, levou a temática para suas obras de uma forma particular.

"Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade." 
Caio F.   



"Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio."

*Sua vida irá mudar quando ler o conto Sem Ana, Blues

"De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca - de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem Ana, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga..."






sábado, 16 de outubro de 2010

Essa é a cara da Democracia

We will fight, imagine, create, and we will resist.

"Daqui a dez anos o que estará escrito sobre Seattle não será que bombas de gás lacrimogênio foram lançadas nas ruas, mas sim que a reunião da OMC em 1999 foi o nascimento de um movimento popular global por uma economia global democrática."
Essa é a cara da Democracia é um documentário que registra as manifestações que ocorreram em Seattle no ano de 1999 contra a reunião da OMC, produzido por mais de 100 manifestantes. Pontos são abordados como o questionamento do que seja a Democracia, liberdade, e utilização da força policial pelo Estado Capitalista contra manifestantes no que seria uma nação livre.
É interessante ver também que em um país como os Estados Unidos, centro e símbolo do capitalismo mundial, há pessoas que se opõem a esse sistema.
Mesmo depois de 11 anos pode-se ver que isso ainda ocorre no que seria um Estado Democrático; no dia 25 de março de 2010 vinte professores foram agredidos em São Paulo durante protesto.













Você tem certeza que é livre, que tem direito de cobrar seus direitos? Vos apresento a realidade.

Essa é a cara da Democracia - documentário pt (1/7)
Essa é a cara da Democracia - documentário pt (2/7)
Essa é a cara da Democracia - documentário pt (3/7)
Essa é a cara da Democracia - documentário pt (4/7)
Essa é a cara da Democracia - documentário pt (5/7)
Essa é a cara da Democracia - documentário pt (6/7)
Essa é a cara da Democracia - documentário pt (7/7)

Post de apresentação


Sempre tive vontade de criar um blog mas a preguiça sempre falou mais alto. Depois surgiu o Twitter, e a oportunidade de dizer tudo o que penso em 140 caracteres me conquistou. Mas os 140 caracteres ficaram poucos pra toda a angústia, e minha vontade de gritar foi crescendo juntamente com o mundo.
Cansado de ver tanta demagogia, proselitismo, de ver todo mundo parado aceitado o que impõem, estou aqui. 
Minha intenção é que aconteça aí dentro uma reflexão do que está ao seu lado.
Aqui simplesmente vai estar algo que é fácil de se ver, mas poucos aceitam: a realidade.
E se eu te disser que a sua realidade não existe?

E eu vos apresento o mundo.