domingo, 17 de outubro de 2010

Caio Fernando Abreu

"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo." 


  


Caio F. - forma de se auto-intitular numa referência ao romance Cristina F. - nasceu em 12 de setembro, em Santiago. Jornalista, dramaturgo, escritor e jardineiro, escreveu sobre amor, sexo, solidão, angústia e morte. Cursou Letras e Artes Cênicas, mas depois abandonou os cursos para se dedicar ao jornalismo. No início de 1970 - período da ditadura militar no Brasil - se exilou por um ano na Europa. Volta para Porto Alegre em 1974. A convite da Casa dos Escritores Estrageiros, regressa à França em 1994, voltando ao Brasil no mesmo ano quando descobre ser portador do vírus HIV. Morre dois anos depois.
Mas, não quero aqui contar a vida de Caio, mas sim a dimensão, a profundidade do que escreveu. Comecei a ler Caio F. Abreu esse ano, não o conhecia tão bem, mas depois de saber que 'Ana o deixou', me apaixonei por sua forma de escrever.* 
Inventário do Irremediável é sua primeira obra de contos, publicado em 1970, onde já mostra os temas que marcariam sua obra: o gosto por ambientes urbanos, a angústia e solidão. Influenciado por Clarisse, sua obra evidencia a solidão dos que vivem perdidos nos arranha-céus.
Ignorado pelos críticos da literatura brasileira, muito por ele não se encaixar nos moldes literários da Academia; como ele próprio dizia, era influenciado bem mais por Cazuza e Rita Lee do que por Graciliano Ramos. Homossexual, levou a temática para suas obras de uma forma particular.

"Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade." 
Caio F.   



"Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio."

*Sua vida irá mudar quando ler o conto Sem Ana, Blues

"De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca - de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem Ana, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga..."






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